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A REVOLTA DAS BANANAS

Não se enganem pela fotografia que lhes chama banana-ananás, porque mais correcto seria chamá-las ananás-banana, assim como os amiguinhos ali do lado, os maracujás-banana, que têm sabor de maracujás e forma de bananas. As chiquitas espertas quiseram inovar e conseguiram um guarda roupa arrojado, pago a preço de experiência tropical em primeira classe. Abrilhantaram a montra e deixaram na sombra, debaixo da mesa, as corriqueiras bananas, tristes por cada turista que passa e nem as vê. Elas que numa investida verdadeiramente heróica conseguiram chegar a todo o mundo e adaptar-se a todos os gostos, matar fome, equilibrar intestinos, diminuir cãibras a atletas, fazer tão bem à saúde de todos, ser tantas e tão variadas - como a banana-maçã, a banana-prata, a banana-pão, a banana-ouro, a banana-do-gabão, a banana-da-terra, a banana-figo e tantas outras - e no final das contas ficam ali menosprezadas por aqueles que ingratamente inventaram a expressão que lhes apetece chamar agora, "esses bananas"!

O sindicato das bananas deixa aqui este desabafo contra a segregação frutal, sem tirar o valor às suas colegas ananás-banana e maracujá-banana, que lá que são bonitas e saborosas são, mas por um futuro frutífero para todos, reivindica trocar a cesta de lugar!


O FRUTO MAIS CONSUMIDO NO MUNDO

A sério. Dizem que a banana e a maça são os mais consumidos, mas devem referir-se a frutos em estado natural, sem processamento. Eu aposto no café, que ultrapassa fronteiras, classes sociais, cultura e religião. É aceite onde quer que entre. É um caso de sucesso milenar a estimular e a aumentar a produtividade! O que eu bebo em São Tomé é quase sempre feito numa cafeteira francesa, mas cultivado, seco e torrado aqui mesmo ao lado de casa. Não deve ser consumido em excesso, claro não, mas temos uma vida inteira para poder experimentá-lo de várias formas, origens e qualidades. Aqui fica um gráfico com praticamente todas as formas de fazer café pelo mundo fora, desfrutem!

A palmeira que dá cocos


(cocos prontos para se transformarem em palmeiras)
Ricas palmeiras que na cabeça de muitos pequeninos dão bananas! Compreensível comparação, até porque ninguém é tolo, ninguém compara macieiras com palmeiras. Portanto, cada qual em sua latitude! Ora bem, para ninguém confundir, bananeiras dão bananas e palmeiras dão muitas coisas. Dão cocos, dão dendém e dão belas fotografias à beira mar! De entre as muitas variedades, o coqueiro e o dendezeiro são as palmeiras mais conhecidas. Alguma atenção e lá está, entre folhas em riste, um conjunto de cocos, verdes ainda (os dauas) ou então maduros, prontos a caírem na cabeça mais desafortunada. Em zonas turísticas é comum depararmo-nos com o sinal “Cuidado com os cocos”. Muito obrigada pela informação mas o que posso fazer em relação a isso? Não os vou provocar, prometo! Por sorte atravesso o Ilhéu das Rolas, francamente o sítio com mais coqueiros por metro quadrado que, até hoje, visitei, três horas de caminhada com o constante som da queda dos temidos sem que nunca se atravessassem na nossa trajectória. Assim se quedam, assim se jazem no conforto da sombra da árvore mãe e assim ganham vida novamente, quando da casca já apodrecida se libertam as raízes sequiosas por vida! Uma vida cheia de energia, por isso engane-se quem pensa que a fruta engorda pouco. Devia ficar-me pelas 3 horas de caminhada e por uma água de coco, mas é preciso habilidade para subir uns metros na vertical para apanhar um daua. Mais fácil é apanhar o maduro que já caiu, bater numa pedra, comer o coco e reaver todas as calorias perdidas. Aí sim, sinto-me restabelecida, metade gordura, felizmente boa, algum açúcar e muitos sais minerais. Faço de conta que não estou a ser apanhada na fotografia e continuamos até à praia.

No próximo texto falo sobre o dendezeiro, a palmeira que é conhecida por palmeira! Até lá vou tentar uma foto dedicada do dendém!


Antes de ser chocolate

Cacau
É um casca dura! Bem curioso quem dali conseguiu obter chocolate pela primeira vez... difícil de partir e à primeira vista não se conseguiria mais nada do que chupar a escassa goma que só vale o esforço porque é mesmo saborosa, tanto mais doce quanto madura estiver, mas sempre com aquele toque ácido carregado de vitamina C e antioxidantes! Mas foi bem pensado, sim senhor (ou senhora) que pela primeira vez aproveitou cada grão (a amêndoa de cacau), já sem goma e decidiu processá-los. É bom pensar que em todos os capítulos da história existiram pessoas aptas para contrariar a crise. Imaginem a quantidade de iguarias que podem estar escondidas em tudo o que desperdiçamos dos alimentos que conhecemos e mais ainda dos que não conhecemos? Felizmente no cacau tudo se aproveita, mesmo a casca que serve para trabalhos manuais. É todo prazeroso. Não é por acaso que existe tanta magia à volta do chocolate. Aqui vejo crianças a deliciarem-se com a goma da amêndoa que mais tarde vai ser chocolate. Muito obrigada pelo esforço meninos e meninas, agora já se pode por a secar para depois fermentar e torrar! Mais tarde servirá para deliciar outros meninos e meninas, noutra parte qualquer do mundo!


(Aqui têm informação sobre a história do cacau de São Tomé, docemente descrita pela família Corallo. Para quem estiver em Lisboa, se ficar curioso, pode experimentar na loja do Príncipe Real.)

A origem dos alimentos

Plantação de café na Roça de Monte Café em São Tomé 
Assim como fiz com o ananás, vou continuar a publicar pequenos textos sobre alguns alimentos pouco habituados a crescer à vista da maior parte de nós. Não é que o google não nos ensine em poucos segundos a origem de um alimento, mas eu gosto desta ligação à terra e gosto que a natureza me impressione. Porque a verdade é que o amendoim nasce debaixo de terra, o cajú numa árvore e o tremoço numa vagem. Não descobri assim há tanto tempo, certamente depois da minha primeira cerveja. Até ali eram apenas snacks. Uma injustiça colocá-los no mesmo pires que a outro qualquer que a mãe natureza não encomendou! Agora que olhei melhor, vejo-os bem mais interessantes e aparecem-me todos alinhados em tabelas de valores nutricionais, com vitaminas de A a K, sem corantes nem conservantes.

Em cada alimento, a mãe-natureza mostra a sua eficiência, o seu equilíbrio e a sua criatividade. É incrível entrar no La Boqueria, o grande mercado de frescos de Barcelona, e perceber a quantidade de frutos que não conhecemos. É incrível entrar num mercado de frescos biológicos e sentir os aromas de todos eles. Mas mais incrível ainda é vê-los crescer. Passearmo-nos no interior natural de qualquer parte do globo e ir questionando o que dá o quê. E vão com tempo, porque vão precisar!



O REI TROPICAL


Ananás
Nós trópicos assiste-se àquela performance da natureza, em que um rei decide aparecer do seio da rainha-mãe em truque de cabaret, todo dourado e glamoroso! Já vem de coroa para assumir o trono, o irreverente ananás - porque nem toda a fruta tem que ser doce e fácil de descascar, porque nos trópicos já há muitas bananas e porque a personalidade forte dele é mesmo assim, primeiro exige que se sinta a acidez e só depois a doçura!

São Tomé é fértil. Mais, é superfértil!


Pitaya


Aqui cai uma semente que o vento trouxe de Taiwan e o improvável na terra da chuva acontece. A semente dá um cacto, o cacto dá uma flor, a flor dá um fruto! O fruto chama-se pitaya e é de um sabor e beleza dignos de fazer frente a qualquer invenção molecular gastronómica de uma mesa gourmet ocidental. Aqui sabe bem assim, em fatias ou à colher, para refrescar o corpo do calor tropical e da humidade que a floresta fechada abafa em direcção ao mar!